sexta-feira, 22 de julho de 2011

PETER JACOB BAUER

Há muitos anos, vinha aguçando a minha curiosidade. Descobrir os nomes de meus antepassados, suas origens, seus costumes, atividades, suas histórias. Enfim, queria saber tudo aquilo que pudesse relembrar a memória destes heróis anônimos, que viveram em uma época de muitas dificuldades para a região do Barro Cortado, Colonia São Pedro, Vila São João, Costão, Pirataba e outros, então distritos de Tôrres-RS.

Já tinha uma idéia de como começar, onde encontrar os registros, que seriam fundamentais. Com a certidão de nascimento de  minha mãe, dei o primeiro passo´. Alí estavam os nomes de meus avós e bisavós, mas parou por aí.

Lendo as obras do pesquisador Carlos Henrique Hunsck sobre a colonização alemã no Rio Grande do Sul, encontrei dados de um cidadão chamado Peter Jacob Bauer, nascido em 1788 e que chegou ao Rio de Janeiro em 08 de novembro de 1825, vindo de Becherback/Hunsruch na Alemanha. Em 31 de dezembro do mesmo ano, Peter chega a São Leopoldo, permanecendo menos de um ano naquela colônia e no final de 1826, chega a Colônia de São Pedro, atual município de Dom Pedro de Alcântara.

Mas quem era PETER JACOB BAUER?

Qual a sua ligação com a grande família BAUER do Município de Tôrres?

A tarefa poderia ser bem mais difícel, não fosse o fato de que naquela época, sòmente um Bauer veio para a região de Tôrres. Peter tinha um filho chamado Joseph e dezenas de descendentes dos Bauer carregavam em seus nomes e sobrenomes Pedros e Josés. E isto era um indício. A minha pesquisa, referente aquela época parou por aí. Sabia da existência de Peter, casado com Magdalena e que tinha um filho chamado Joseph.

Com a colaboração da Igreja dos Mórmons, tive acesso aos micro filmes de registros de nascimento do Cartório de Tôrres, de um período aproximado de trinta e seis anos, ou mais precisamente de 1889 a 1925. Neste período, encontrei dezenas de registros de nascimento de familias Bauer e vários se aproximavam de Joseph, e por via de consequencia de Peter. Encontrei José Bauer, casado com Anna Maria Carlos Bauer. Mas seria ele o mesmo Joseph, filho de Peter? E seria então Joseph, ou José Bauer, pai de Gabriel José Bauer, meu bisavô ? Este registro, infelizmente eu não tinha.

Mas havia aí um indício muito forte. Haviam registros de que José era pai de Francisco José, Jorge José, Pedro José e José. Seriam então Gabriel José, meu bisavô, Francisco José, Jorge José, Pedro José e José, irmãos?

E aí outro indício. Nas famílias Bauer havia uma tradição muito forte. Os filhos carregavam sempre no segundo nome, os nomes dos pais e pelo menos um tinha o  nome do  avô.

Vejamos outros exemplos:

Gabriel José, meu bisavô, teve sete filhos homens e vejam seus nomes: Manoel Gabriel, José Gabriel, Pedro Gabriel, Francisco Gabriel, João Gabriel, Nicolau Gabriel e Gabriel e duas mulheres, Maria Jeronyma e Ana.

Francisco José, teve seis filhos homens e pelo menos cinco carregavam no segundo nome, o nome do pai. João Francisco, Affonso Francisco, José Francisco, Inácio Francisco , Manoel Francisco e José Francisco, o nome do avô. Não tenho a informação de que seu filho Marcolino carregava também o Francisco no nome. Teve também duas filhas que se chamavam Leopoldina e Maria Leopoldina.

Pedro José, o outro filho de Joseph, teve quatro filhos, Pedro, José, Manoel e Alfredo. O próprio Pedro tinha e nome do avô, e seu filho José também tinha o nome do avô.

Qual era então o forte indício de que Joseph era mesmo o pai de meu bisavô Gabriel José?  Ora, os nomes e a tradição. Gabriel José, Francisco José, Jorge José, José e Pedro José eram mesmo irmãos e Pedro era o neto de Peter.

Mas isto não era prova suficiente.

Acabaran-se aí os dados mais precisos. Ainda restavam esperanças se tivesse acesso a outros livros e registros de nascimento, casamentos, óbitos e batismos, ou mesmo uma informação mais precisa de algum descendente.

Até aqui tenho registros parciais, absolutamente comprovados e indícios muito fortes. Se não houvesse mais nenhuma possibilidade de se obter os dados mais precisos, se a pesquisa acabasse agora, sem nenhuma prova mais concreta, as evidências obviamente seriam consideradas e aceitas, salvo se fossem apresentadas provas em contrário. Poderia então concluir e considerar como verdadeira a afirmação de que Peter é o ancestral vindo da Alemanha e que deu origem a toda a geração dos Bauer na região de Tôrres.

Sinto-me forçado entretanto a admitir uma pequena margem de incerteza e uma remota possibilidade de erro e buscar apoio junto a  concepções comumentes aceitas, do que me apoiar apenas em teorias e evidências. Se a história não pode dispensar teorias, hipóteses e evidências, e eu tenho mais do que simples teorias e evidências, estas devem fundamentar-se em conhecimentos profundos e eu, confesso, não tinha este conhecimento profundo, muito pelo contrário, estava tateando no escuro.

Uma visita a José Manoel Bauer, o tio Zé Bauer, irmão de minha mãe, hoje já falecido, e neto de Gabriel José, fui fundamental para esclarecer definitivamente a questão e fazer a ligação. Eu precisava saber se Joseph era ou não seu bisavô. Ele não tinha este certeza, até mesmo porque nunca se interessou pelo assunto e seus antepassados nunca registraram o fato, mas matou a charada. Confirmou que os filhos de Francisco José eram primos irmãos de seu pai Manoel Gabriel, filho de Gabriel José, seu avô. Portanto, Gabriel José e Francisco José eram mesmo irmãos e filhos de José. Obvio, se seus filhos eram primos irmãos, seus pais eram irmãos.